Início » Livro: entre o sagrado e o profano

Livro: entre o sagrado e o profano

po REDAÇÃO TAMPA CAPIXABA
147 visualizações

Caro amigo, leitor, “estreia” hoje uma coluna diferente das que você está habituado a procurar na internet. Não falarei especificamente de moda, culinária, saúde, política, etc., contudo falarei sobre tudo isso e outros assuntos em crônicas, contos e, por vezes, poesias que funcionarão como polaroides que se confundirão entre o real e o imaginário.

“Um livro de poesia na gaveta não adianta nada”.  Aproprio-me de um verso do verdadeiro rei da música nascido em Cachoeiro de Itapemirim: Sérgio Sampaio, para quebrar certos paradigmas que, ao longo da história, foram criados acerca do livro. O livro é sagrado ou profano?

Luiz Fernando Gava Fernandes, aprendiz e professor de Língua Portuguesa, 20 anos. Começou a escrever aos quatorze anos.


Por muito tempo o livro foi instrumento de ostentação e pedantismo. Assim abarrotavam estantes empoeiradas e perderam o seu verdadeiro sentido: ser lido. Parece redundância, mas muitos não têm essa percepção e se negam a emprestar, vender ou mesmo deixam serem tocados por outras pessoas, sobretudo as crianças, sob o pretexto de que estes estragarão os “sagrados objetos”, todavia os “donos” se esquecem de que já estão estragando o livro quando lhe tiram seu verdadeiro papel.

 

Muito além de papel e palavras o livro é informação, história, prazer, amor, sonho, etc., e quando seu conteúdo fica a mercê do esquecimento de bibliotecas particulares e inúteis ele deixa de ser livro.

Diante disso afirmo: o livro é profano. Ele não quer ser guardado e esquecido, ele quer ser lido, quer ser levado para cama e dormir junto a sua cabeça. O livro quer que você faça amor com ele como se ele fosse o par ideal, o amor que sempre sonhara, quer ser a companhia que um ser humano não foi capaz de o ser.

É preciso abrir um livro com o mesmo prazer que despir uma mulher (ou homem), proporciona na hora do íntimo amor, se, por acaso, amassar, criar orelha, ou até mesmo rasgar, não há problema. O livro é sadomasoquista. Gosta de ser usado e não se importa com os estragos que a cada mão que passa lhe deixa, pois cada marca traz a lembrança dos amores.

Sei que parece que sou profano, mas não me importo. Pois amo um livro quando o leio, o rabisco e crio marcas que mostram que estive com ele. Um mesmo livro pode ter muitas leituras como um prostituto. Ele fica entediado em ser de uma só pessoa, ter uma só interpretação. Portanto, divida seu livro, empreste-o, dê-o a alguém e não se importe com as marcas que virão, pois elas são a certeza de que seu livro foi feliz.

 

Related Posts